OLP - 1° lugar Gênero Crõnica

Mônica Maria Ferreira de Sousa - 1º ano – 1° lugar Gênero Crõnica

REVELAÇÃO

Eu me lembro como se fosse hoje! Eu ali sentada naquele velho banco azul da tinta desgastada. Recordo-me que estava lendo um livro de “Dom Quixote de La Mancha”, de suas aventuras por aí com “Sancho Pança”, cujo autor era “Miguel de Cervantes”. Lembro-me também que em minha pequena cidade de nome São Félix do Araguaia, já batia o ponteiro do relógio às 18:38... cuja igreja se localizava em frente a praça. O sol insistia em se pôr... aquele céu alaranjado, o vento batendo forte! Sim, ali era o paraíso...

Os balanços faziam barulho, como se alguém estivesse ali, além de mim...Avistei uma pequena menina, de cabelos castanhos, olhos pretos como uma jabuticaba bem madura. Menina pura, de olhar fixo e ingênuo. Segurava-lhe um papel todo amassado; sim parecia ser de caderno reciclado. Na praça só havia eu, um cachorro sarnento e a menina. Não! Não era uma praça! Chamávamos de Cais! Mas, algo me chamou a atenção nela... não sei se pelo olhar fixo e misterioso em mim. Levantei-me, olhei ao redor, mas só restávamos nós mesmos.

Com cautela, sentei ao seu lado, sem a mínima intimidade... afinal não a conhecia! Perguntei- lhe seu nome. Ela disse com um tom de medo:

-Lúcia!
Lúcia tinha apenas 08 anos. Perguntei-lhe também o nome de seu pai e de sua mãe. Ela me disse:

Minha mãe chama-se também Lúcia e o meu pai Antônio.
Perguntei com mais curiosidade ainda onde estava sua família e o que ela fazia ali tão só! Ela demorou mais que o esperado para responder. E depois, com os olhos cheios de lágrimas, me disse:

- Não tenho ninguém no mundo. E a minha única família está nesse pequeno pedaço de papel amassado.

Sem ao menos eu pedir, ela me entregou o papel que ainda continha a data. Fazia apenas 05 (cinco) dias que ela estava com ele... molhado de suas lágrimas, com dor de algo... algo que eu estaria prestes a descobrir. Bem devagar eu li:

- Filha, hoje a mamãe e o papai queria que soubesse que te amamos muito! Não pense que fomos embora e te deixamos... Minha pequena! Você tem só 08 anos, mas nesse tempo te ensinamos tudo que era preciso sobre a vida! Nós, seu pai e eu, naquela sexta-feira, conversamos com você, se lembra filha? Daí, naquela noite dormimos tão bem que decidimos não acordar mais. Sentimos muito, porém escondíamos algo de você, a viciada “Droga”! Pois bem, minha filhinha, entregue este bilhete ao seu irmão que senta todo dia no final da tarde nessa praça.

Diga-lhe que o amamos muito e que pedimos desculpas!
“Adeus”
De: Lucia e Antônio



Aluna: Ysllane M. Costa 1º A3 – 2° lugar Gênero Crônica

O GANDULA

E lá vai ele outra vez, entre os espinhos, enfrentando qualquer tipo de barreira. Nada pode impedir o gandula de buscar a bola, aliás, se não fosse ele o jogo não continuaria, porque quem iria buscar a bola no meio do mato, na casa do vizinho?

O meu tio que mora numa cidadezinha pacata chamada São Félix do Araguaia, que se localiza no interior do Estado de Mato Grosso disse para mim:

O gandula é sempre aquele menino ruim de bola ou que sofre algum tipo de deficiência ou intolerância. Mas mesmo os meninos do jogo desprezando o gandula, ele é muito importante no jogo, embora nunca jogue, ele não falta nenhum jogo.

Ás cinco da tarde fui dar uma volta com o meu tio nessa cidadezinha que não é muito grande. É comum avistarmos campinhos de futebol. E lá estava, no cantinho do campo, o dito gandula. E então, de repente, a bola cai no meio de um canavial e todos, encabulados, olham de um lado para o outro como se dissessem: “lá eu não busco!!!”. Todos então olharam aquele gandula franzino, esperando que ele saísse correndo atrás da bola e nós, estávamos ali só observando.

Mas aconteceu o inesperado. O gandula em um gesto simples pegou sua bicicleta e foi embora e os meninos muito decepcionados desistiram do jogo e também foram embora. Como estávamos a observar, comentei com o meu tio:

É tio, ruim com ele, pior sem ele! Sem o gandula, não tem bola nem jogo...

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